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Resumo do Artigo "Individual Music Therapy for Depression: randomised controlled trial"


Estudo da autoria de Jaakko Erkkila, Marko Punkanen, Jorg Fachner, Esa Ala-Ruona, Inga Pontio, Mari Tervaniemi, Mauno Vanhala e Christian Gold, desenvolvido na “Music Therapy Clinic for Research and Training” (na Universidade de Jyvaskyla, Finlândia) e publicado em 2011 na revista científica The British Journal of Psychiatry que teve o propósito de determinar a eficácia de sessões individuais de Musicoterapia como terapia adicional aos tratamentos convencionais para pessoas adultas com depressão. Foi realizada então uma comparação do tratamento com Musicoterapia adicional com o tratamento que englobava apenas terapias convencionais. O carácter inovador do estudo está relacionado com as lacunas metodológicas de estudos anteriores (com apenas métodos qualitativos, tendência similar à investigação em psicoterapia), bem como com a falta de clareza em relação ao modelo clínico musicoterapêutico utilizado em estudos prévios.


Considerando-se que o uso de psicoterapia verbal poder não resultar como o único modelo de tratamento, devido a alguns utentes terem dificuldades de expressão verbal, poderia ser benéfico o recurso a meios de comunicação não-verbal, com técnicas de Musicoterapia psicodinâmica, como a improvisação musical livre enquanto interaçcão expressiva musical activa, seguida de discussão reflexiva. A Musicoterapia com o terapeuta e o cliente com instrumentos musicais idênticos tem possibilitado a auto-projecção, a livre associação e permite-se também uma construção conjunta da ligação com memórias afectivas e associação com imagens. Podem ser despoletados processos inconscientes, através da improvisação musical clínica, que actua ao nível proto-simbólico, de modo a preparar o cliente para uma expressão simbólica completa e eventualmente conduzir à futura verbalização. A experiência de tocar instrumentos pode ser catártica e conduzir a experiências emocionais que levam a mudanças positivas no tratamento. Em relação ao método, a recolha de dados ocorreu entre 2008 e 2009 nos centros distritais de cuidados de saúde psiquiátricos da Finlândia e em outras clínicas psiquiátricas da cidade de Jyvaskyla. Os participantes foram distribuídos aleatoriamente pelo grupo com apenas terapias convencionais e pelo grupo com musicoterapia num rácio de 10:7. Foram incluídos 79 adultos com depressão unipolar dos 91 previstos (com este diagnóstico primordial), avaliados com F32 ou F33 na classificação do ICD-10. Participaram 10 musicoterapeutas no estudo e foram realizadas 20 sessões bi-semanais com a duração máxima de 60 minutos com ambos os grupos.


Os momentos de avaliação psiquiátrica por um avaliador que não teve contacto com os utentes foram um pré-teste, um follow-up aos três meses (no fim da intervenção) e um pós-teste aos 6 meses (ou seja, 3 meses depois de terminado o tratamento), tendo sido avaliadas as medidas clínicas da depressão, funcionamento global, qualidade de vida, alexitimia e ansiedade, que é uma frequente co-morbilidade da depressão. A escala primordialmente utilizada para recolha de dados foi a Montgomery-Asberg Depression Rating Scale (MADRS), validada para avaliar depressão major e como medidas de avaliação secundárias foram utilizadas as escalas “Global Assessment of Functioning” (GAF), a secção da ansiedade da escala “Hospital Anxiety and Depression Scale” (HADS-A), o questionário de qualidade de vida RAND-36 e a “Toronto Alexitimia Scale” (TAS-20), utilizadas com frequência em avaliações psicológicas. Foram incluídos biomarcadores electroencefalográficos para a obtenção de resultados adicionais sobre o impacto da Musicoterapia no processamento cerebral de emoções negativas, especialmente nas áreas frontais. Na análise de dados, foram excluídos os outliers e considerados para os missing values o pior valor de classificação possível. Foram calculados o teste exacto de Fisher e o t-teste de Welch com intervalos de confiança de 95% (two-tailed). Foi feita análise de regressão exploratória para examinar a possível influência das diferenças do tratamento (grupo com Musicoterapia e grupo de controlo) na severidade da depressão (três níveis), na ansiedade (sim/não), na idade (contínua), nas condições da medicação anti-depressiva (sim/não) e na pessoa se auto-descrever como músico (sim/não) ou como cantor (sim/não), não tendo havido uma interacção significativa entre estes elementos separadamente e o grupo selecionado, o que é positivo para o estudo.

Nos resultados, as alterações positivas na MADRS, HADS-A e nas pontuações da GAF foram significativamente mais elevadas no grupo com Musicoterapia do que no grupo de controlo, apesar de que o follow-up após 6 meses (ou seja, 3 meses após a intervenção terminada) já não atingiu estatística significativa, apenas na alexitimia mesmo aos 6 meses, aconselhando-se mais investigação futura nesta co-morbilidade. Os dados aos 3 meses indicavam a dimensão dos efeitos da Musicoterapia num alcance médio a elevado (entre os 0.65 na depressão aos 0.49 na ansiedade – aumento desde o pré-teste neste grupo). Aos 3 meses, foi também positivo o número de desistências ter sido inferior no grupo da Musicoterapia e o número inferior de faltas às sessões (média de assiduidade a 18 das 20 sessões). Houve mais desistências no grupo de controlo do que no grupo com Musicoterapia, associadas a falta de motivação (n=6) e a questões de saúde (n=3). Como limitações, assume-se que a amostra foi suficiente mas poderia ter sido maior. Não houve variações significativas entre Musicoterapeutas, ou seja, os efeitos não dependeram dos profissionais e sim dos benefícios da Musicoterapia. Não foi incluída neste estudo uma análise do custo financeiro-efeito da Musicoterapia como tratamento bi-semanal adicional às terapias convencionais, sendo este aspecto relevante para futuras investigações.

Resumindo...😉

A Musicoterapia é eficaz como tratamento complementar na Depressão.

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