“Acreditam que o brinquedo que desapareceu ainda existe?”
O termo “permanência do objecto”, para Piaget, consiste na capacidade da criança saber que os objectos continuam a existir mesmo que eles não possam mais ser vistos ou ouvidos.
Quando um brinquedo é escondido da vista de crianças com idades inferiores a 18 meses, elas ficam muito aborrecidas porque acham que desapareceu, já que numa fase precoce, não entendem que o seu brinquedo continua a existir mesmo que não seja visto.
Pois bem, no que diz respeito à procura de estudos científicos credíveis de Musicoterapia, em Portugal o que parece acontecer é que, por não serem de fácil acesso, serem maioritariamente estrangeiros (onde a realidade é bem melhor) e só serem divulgados por cá muito raramente, é subentendido (por muitos e bons pensadores) … … que não existem.
Já perdi a conta às vezes em que disse que era Musicoterapeuta, que estava a fazer a intervenção em Musicoterapia num contexto de saúde e que ouvi a seguinte frase: “isso não tem evidências científicas”. Começou logo na primeira entrevista de trabalho e, felizmente, consegui contornar a situação e mostrar o acesso aos estudos existentes.
Durante a primeira infância, os bebés são extremamente egocêntricos, não têm a noção de que o mundo existe "separado" do seu ponto de vista e experiência. Para entenderem que os objectos continuam a existir mesmo quando não são visíveis (compreensão da sua permanência), as crianças devem primeiro desenvolver uma representação mental do objecto.
Então, se apesar do primeiro curso universitário de Musicoterapia ter surgido nos Estados Unidos em 1944 e em Portugal apenas já no séc. XXI, não é motivo suficiente para ser afirmado em Portugal que “não há evidências científicas”, só porque em terras lusas os estudos não abundam e não “entram pelos nossos olhos dentro”… só se os formos procurar (aí já são muitos e credíveis)!
Fazer a afirmação de que “não há evidências científicas” só porque elas não são visíveis se não as procurarmos, como é o caso da Musicoterapia em Portugal, é o mesmo do que não procurar o brinquedo escondido pelo adulto e presumir que ele não existe. É preciso procurar primeiro e se não encontrarmos… … não é o caso da Musicoterapia, vão encontrar já nesta publicação.
Aos 18-24 meses, emerge o pensamento representacional, imagina-se simbolicamente, apesar de já não se ver.
Em Ciência e em Saúde, tal como em Musicoterapia, as investigações emergem apenas quando há a mentalidade de partir de algum cepticismo (e não do pressuposto da inexistência do que não está dentro do nosso campo visual) para ir à procura de estudos desenvolvidos na área, efectuar constatações e só depois assumir um juízo de valor.
Assim, convido-vos a consultarem a compilação de evidências científicas recolhida pelo conceituado Centro Nordoff Robbins do Reino Unido, que é actualizada periodicamente
Foi colocada recentemente no site da MusicoterapiAçores
na secção “SOBRE” e “ARTIGOS/REFERÊNCIAS”
… … … e nunca mais vão acreditar em quem diz que não há evidências científicas de que a Musicoterapia resulte, já que viram o “brinquedo” e são capazes de compreender a sua permanência, mesmo quando deixarem de o ver 😉